As Ciências Biológicas, em especial a Ecologia, têm o costume de realizar bastantes aulas de campo. Eu adorava. Por causa delas conheci lugares em três estados diferentes - inclusive Criciúma! E lugares maravilhosos, como o rio Paraná, o interior da Serra da Graciosa e a Serra do Rio do Rastro. Mas achava que com o final do curso não teria mais isso.

Me enganei. Como contei a vocês ontem tive mais uma: Criciúma - Morro dos Conventos - Serra da Rocinha. Não esperava grande coisa, ainda mais porque estava previsto chuva com friozinho - chuva é sinônimo de lama e friozinho molhado de gripe.

Outro engano. A pequena viagem foi ótima. Por quê? Julgue por si mesmo:

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E, acreditem, as fotos não fazem jus a nada do que foi fotografado.

O Morro dos Conventos (fotos de 4 a 8, no final) é de uma grandiosidade incrível. Subir no mirante e imaginar que aquele pedaço já esteve grudado na África? Puxa.

A estufa de bromélias, que pertence ao nosso professor, é linda. Deu vontade de enfiar um monte delas na mochila e sair correndo.

Mas o que me pegou foi o caminho na Serra. Putz! Andar de microônibus, na chuva, numa estrada em que praticamente não cabem dois carros lado a lado, beirando um abismo coberto de névoa (beirando mesmo, não é exagero), verde verde verde, sem gente em lugar nenhum... Quis ficar lá pra sempre, hahah.

Para o almoço (às 14:30) paramos numa pousada no pico da Serra - São José dos Ausentes, se não me engano. São as três primeiras fotos que aparecem aí. Comemos truta ao lado do Walmor Chagas, que fazia sua refeição com membros da equipe de filmagem do seu novo filme. Ele perguntou pra um colega meu de onde éramos, se fazíamos parte de alguma ONG, etc. E todo mundo se remoeu pra ir lá pedir um autógrafo... ninguém teve coragem, é claro. Só ficamos cochichando e vendo o serviço que a manicure fazia no moço, enquanto o motorista bradava nem-ligo-ok-ele-é-só-mais-um, indignado.

Aliás, essa pousada já recebeu outros artistas. Lembram da Casa das Sete Mulheres? Lá foi uma das locações; o povo se hospedou por três meses naqueles chalés. Três meses. Também quero.

A viagem foi cansativa ao extremo porque o motorista não podia andar rápido. Cansativa pelos solavancos, por ter acordado às 6 da manhã (e dormido às 2), por ficar andando de lá pra cá, pelo cagaço na serra... mas, putz. Entrou para a história. Com certeza.

       Stereophonics - Summertime (acoustic)
Queridos, tenho várias coisas pra compartilhar com vocês. Tenho mesmo. O que não tenho é tempo. Passei as horas-em-que-estive-acordada praticamente inteiras na UNESC nos últimos dias. Ou seja, basicamente acordo, preparo almoço, me arrumo e volto lá pelas 23h pra casa. E amanhã terei aula de campo das 7:30 da matina até as 6 da tarde. É.

Mas, sabe, eu posso resumir uma grande novidade que tive hoje em apenas uma linha:

EU CONSEGUI A FUCKIN' BOLSA DE ESTUDOS!


Obrigada, CAPES/PROSUP. Te amo desde criancinha.
São 1:38 da manhã.

Fiquei até agora há pouco tentando organizar o texto mais confuso e chato da galáxia enquanto ouvia Audioslave. Aliás, faz mais de uma hora que não troco de banda.

Não há ninguém lá fora. Os semáforos estão amarelos e intermitentes, todos os que posso ver daqui. Uma brisa gelada entra de vez em quando pra me alegrar.
Começou a tocar a Getaway Car. Get yourself a car and drive it all alone / Get yourself a car and ride it on the wind yeah, aquela voz linda do Chris Cornell me embalando... e - talvez pela primeira vez - contrariei a música e quis continuar aqui. Sentada na minha cadeira absolutamente desconfortável do meu apartamento que precisa logo de uma faxina.

Percebem? Os meus lentamente se tornam sinônimo de bons. De lar.

Dormirei tranquila e confortável no meu colchão-gelatina hoje.
Jents! Preciso compartilhar isso.

Ouçam até o final e com um volume razoável, por favor:

Isso é o barulho que o vento de tempestade faz aqui no prédio. E o detalhe é que as portas e janelas estão todas fechadas. Ui!
A minha idéia era de só voltar aqui quando tivesse algo interessante pra contar. Uma semana se passou desde o último post... e nada aconteceu.

Só tenho insignificâncias. Por exemplo, odeio a cortina do box - ela fica voando e grudando em mim. Fiz um sukiyaki muito bom esses dias - não sei se é assim que escreve. O apartamento suja demais - a eterna poeira preta criciumense. Quando fui à Unesc dias atrás vi um Uno inserido num dos bares em frente - derrubou uma coluna, dizimou uma parede e ficou entalado.

Passo os dias vendo filmes, comendo e olhando o movimento pela sacada. As luzes acendendo e apagando nos outros prédios, as pessoas saindo cheias de sacolas do supermercado ao lado, buzinas o tempo todo, sacadas alheias desertas. A conta bancária negativa.

Queria contar o quanto está sendo gloriosa minha vida de sozinha, mas ela continua extremamente ordinária. Talvez a única novidade seja que nada pára no meu estômago. Almocei 3/4 de pêra e suco de laranja, e mesmo assim estou enjoada.

Ah, la dolce vita.
Sabe ódio gratuito? Já tive por várias pessoas, tipo a Cameron Diaz (sabe-se lá por quê) e a Britney Spears. Não tenho mais antipatia por elas, mas agora tenho um novo eleito: chama-se Cacau Menezes. Ele apresenta uma parte do Jornal do Almoço daqui e é muito, mas muito, blé. Vejam por si mesmos:



E pelo visto não sou só eu que acha isso...
Creio que um dos sentimentos mais recorrentes na minha vida seja o de inadequação, especialmente nos anos de Maringá. Milhares de vezes já me peguei cantarolando but I'm a creeeep, I'm a weirdoooooo, what the hell am I doing here? I don't belong heeere. Em lugares ou reuniões, tanto fazia. Super democrático.

Mas a minha casa sempre era a minha casa, meu lar. Voltar para ela sempre foi reconfortante e me fazia respirar melhor (às vezes literalmente), por mais difíceis que as coisas estivessem.

Aqui é diferente. Obviamente sou uma outsider na cidade e é natural que me sinta deslocada, porque, bem, eu estou deslocada. Não conheço nada e quase ninguém. Não há nada de estranho nisso. O diferente é que meu apartamento ainda não se tornou meu lar.

Um dos pilares da Psicologia Ambiental é um troço que se chama "apropriação do espaço" (para espaço leia-se qualquer lugar, de uma praça à esquina da sua casa). Resumidamente, para que alguém se aproprie de um espaço é necessário criar uma simbologia, seus valores, etc, para que ele signifique algo. E essa teoria eu tô sentindo no couro.

Este é o meu apartamento, sim (contanto que eu pague as contas em dia), mas ainda se parece com um quarto de hotel ou casa de praia que logo será deixado. Por enquanto, ao chegar digo um tímido oi, casa sem beijinhos ou abraços. E com a Unesc é a mesma coisa. Fico olhando para aquelas pessoas, as modeletes de salto, os almofadinhas, conversas, oi-como-tá-amiga?, e me sinto apenas um vulto em meio a isso. Exatamente igual às minhas caminhadas no Cesumar.

Mais uma vez, é uma questão de tempo. Não tô preocupada ou me sentindo mal, já sabia que seria assim.

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Hoje à noite foi a primeira aula do mestrado. Quer dizer, foi mais uma apresentação do curso, dos professores e dos alunos. Os professores parecem legais, os colegas parecem um quatrilhão de vezes mais velhos que eu - tenho quase certeza de que sou a mais nova da tchurma. A recepção foi legal; no final ganhamos salgadinhos, refrigerante e bombons deliciosos com quilos de cereja (quis muito ter levado a câmera quando vi).

Ah, e a bolsa cheia de bolsinhos, chaveirinho, botton, sacolinha e jornalzinhos? Achei tudo super atencioso até lembrar que, né, eu paguei indiretamente por isso. A Unesc é particular, beibe, alou?

mas é legal, vá


Suspirei e voltei pra casa com uma paz de espírito enorme. Vai ficar tudo bem.

E não fiz mais nenhuma cagada no trânsito.

       Be Your Own Pet - October, First Account
Na viagem pra cá, minha mãe disse que sou arrojada e concentrada para dirigir na estrada. Modéstia à parte, acho que sou mesmo. Não tenho medo e gosto; em todo o caminho lembro de ter feito apenas uma caquinha: entrar rápido demais numa curva da serra.

Já em Criciúma... eu tremo. Literalmente. Não troco as marchas direito, ando na contramão em rua de mão dupla, me distraio, sempre acho que me julgam por ter placa de fora. Checo os caminhos que devo fazer 68867894038 vezes e invariavelmente acho que vou errar. Nunca errei, mas caio em todos os buracos do caminho. Enfim, é uma catástrofe.

Pode ser coisa de caloura no trânsito pesadinho e caótico daqui, mas isso me dá nos nervos. Qualquer dia desses passa.

E aí é capaz que me torne a Sra. Wheeler:



(mentira.)


       The Broken West - Baby On My Arm
Então que tá na hora de contar como foram as coisas na última semana, né não? Hey ho let's go.

A despedida
Foi há exatamente uma semana num restaurante chinês/japonês: poucas e queridas pessoas, clima tranquilo e agradável. Jurava que ia chorar horrores, que ficaria deprimida ao voltar pra casa, que seria horrível... mas não poderia ter sido mais doce. Tudo correu da melhor forma possível. Voltei com um sorriso no rosto e com um dos presentes mais legais ever da Paula, Ana, Larissa e Tatia (perdoem a foto mal tirada):


Obrigada aos que foram. De verdade. Amo.

Os preparativos
O dia seguinte foi só correria. Compras de última hora no centro chuvoso, mau humor, cansaço, encaixotamento do resto das tranqueiras. À noite, na hora de colocar tudo no carro, percebemos que não caberia tudo. Desespero, mede aqui, mede lá, deixa (mais) coisas pra trás. O carro não aguentaria subir serras com tudo aquilo, tinha certeza.

A viagem
Eu e minha mãe saímos cedinho de Maringá. O combinado é que revezaríamos a direção, mas acabei dirigindo até Curitiba. E o carro subiu a serra e fez quase 16 km por litro e foi tudo ótimo e não tinha quase ninguém nas estradas. Se eu não estivesse com enxaqueca teria sido perfeito.

Chegando na terra dos curitibocas foi hora de visitar parentes. Abração da vó, conhecer os priminhos novos, rever os tios depois de terem voltado da igreja... e ser recebida com um sarcástico "ê sobrinha, mas achei que você ia pregar a palavra do Senhor e testemunhar lá na frente, etc etc" que me deixou absolutamente sem reação na frente da família inteira. E aquele silêncio. Hahah. A única coisa que saiu (totalmente inapropriada) foi um amarelado menos, tio, menos. Socorro.

Na outra manhã tomamos o rumo de Criciúma. Dirigi por todo o trajeto horrendo, cheio de buracos, caminhões, pistas simples e calor abominável da BR 101. Estava tão tensa que se encostassem em mim daria um pulo e gritaria e me estrebucharia por horas. Especialmente depois que dois caminhões simplesmente invadiram a pista em que estava e só tive tempo de frear e zunir pro acostamento. E mais especialmente ainda depois que pegamos esta chuva:

maringá - criciúma #5


Esta chuva. Durou uns 7 minutos e fez com que eu não enxergasse absolutamente nada na estrada, nem sequer as faixas. O carro dançava pra lá e pra cá mesmo a 60 km por hora. Meus olhos ficaram marejados e esbugalhados por todos esses minutos. O cansaço se elevou à milionésima potência.

Mas chegamos.

A chegada
Sim, chegamos, mas ainda havia muito o que fazer. Descarregar as caixas do carro, fazer compras, limpar o apartamento, preparar janta fria e guardar tudo numa caixa de isopor. Se não fosse pelo colchão inflável emprestado por um tio, teríamos dormido no chão.

novo lar #3
sinta o glamour


Mesmo assim, foi um alívio. Olhar pela sacada e ver isto também foi muito apaziguador:

E o porteiro mega simpático me deu uma vaga muito mais simples de estacionar na garagem. Ê.

Criciúma city
O que achamos que levaria dias, aconteceu em menos de 3 horas. O que achamos que não poderíamos comprar em meses, compramos nessas mesmas 3 horas. E no final da manhã tudo o que poderíamos adquirir já estava encomendado e prometido para o mesmo dia: o recheio do meu lar. Tive uma sorte imensa.

Só às 7 e tanto da noite entregaram, depois de um dia inteiro de espera e limpezas em meio às caixas. Restaram algumas coisas para serem montadas depois, mas estavam aqui. Todas aqui. Foi bonito.

E vai e volta e sobe e desce pelo centro da cidade. Nos finais de dia mal aguentávamos andar, mas acabou sendo bastante produtivo. Satisfatório.

E aí momis voltou ontem a Maringá.

Agora
As coisas aconteceram de uma maneira tão natural que ainda não estranhei estar completamente sozinha numa cidade desconhecida de gente bruta ou muito simpática (sem meios-termos). Apesar do apartamento não ser um palacete há bastante coisa com que me ocupar. Tenho milhares de filmes no PC. Tenho internet. Tenho gente que se importa comigo espalhada por aí. Tenho minha casa. Tive sorte.

Tô bem. E tô exausta.

       Oasis - She's Electric