Em junho do ano passado estive em Santa Rosa, a cidade da Xuxa (pra quem quiser ler o diário dessa viagem, é aqui). Fui sozinha e passei bastante tempo à toa, sem tv a cabo ou computadores com internet por perto.

Numa dessas ocasiões de ócio total, estava zapeando canais e parei numa mesa redonda (aquele programa da Leda Nagle) sobre organização da casa. Havia engenheiros, arquitetos, médicos, artistas, blablabla, falando do assunto, e aí foi a vez de uma mulher contar a sua história. Ela era do tipo de pessoa que acumulava milhões de inutilidades domésticas: tinha dó de jogá-las fora ou achava que poderiam tornar-se úteis algum dia - até o dia em que ela se "converteu" ao budismo.

Como vocês sabem, o budismo prega o desapego, e partindo desse princípio ela se livrou de quase tudo o que tinha. Ficou com apenas dois jogos de roupa de cama, duas toalhas para cada habitante da casa, poucas panelas, decoração minimalista, etc, etc. Disse que se sentiu ótima ao fazê-lo e que as energias da casa ficaram bem mais amenas e gratificantes.

Quando ouvi isso, achei extremamente estúpido. Deve ter me rendido milhares de caretas de desprezo. Pensei "você passa a vida inteira tentando juntar o que quer e de repente se livra de tudo? e ainda por cima acha legal?! bah!".
Mordi a língua, pouquíssimo tempo depois. Jogar coisas fora é ótimo, faz bem e te deixa mais leve sim.

Por exemplo, hoje foi o dia de revirar armários. Encontrei de notas fiscais de 1997 a meu primeiro walkman (que pesa uns 3kg). Pra quê eu guardava tudo isso? (ah, e é bom dizer: não me considero uma pessoa que guarda milhões de cacarecos)

Somado ao alívio de mandar pro lixo esse tipo de coisas, tive a alegria de encontrar tesourinhos. As bonecas preferidas, os raros bichos de pelúcia que adoro até hoje, roupas dos áureos tempos em que vestia tamanho M... E a primeira trilha sonora que comprei na minha vida:


E certamente esse é o álbum que mais ouvi na minha vida. Até hoje sei decoradas todas as letras, os nuances das músicas, os coros, tudo tudo tudo. Que lindo. Tinha uns 6 ou 7 anos nessa época.

Mas nem tudo são flores, especialmente para quem nasceu na década de 80 e enfrentou as piores modas da história universal. Ombreiras, permanentes no cabelo, polainas, cós alto, maquiagem fosforescente, dance music... Todas essas breguices que (hoje) são engraçadinhas.

Ah, na verdade uma imagem agora vale mais que mil palavras:

oi 1990! te amo lá fora!


Desapeguei to-tal.

(mas não joguei fora)

       Get Set Go - I Hate Everyone
Apresento-lhes meu mais recente xodó:
Grey's Anatomy


Pra variar, eu torcia muito o nariz quando ouvia falar dessa série. Era o típico não vi e não gostei, até que resolvi dar uma chance e pegar um episódio. Não parei mais de ver. Agora estou no meio da terceira temporada.

Sim, é mais um seriado médico. Mas não tem nada a ver com os outros que conheço, como o House, que *adoro*. É mais sensível, mais mulherzinha, cheio de conflitos e relações complicadas. Tem um formato bem simples também: cada episódio tem uma temática, e todas as histórias (dos médicos e dos pacientes) giram em torno dela e enquanto seguem sua sequência. As tramas ficam melhores e complexas conforme o tempo passa e as pessoas do Seattle Grace Hospital se conhecem melhor.

E a trilha sonora é foda. Foda. Tem de tudo o que gosto. The Chalets, Snow Patrol, Metric, Postal Service, Rilo Kiley, Tegan & Sara, Gomez, KT Tunstall, etc, etc, etc. Praticamente perfeita.

Caramba, a cada dia um novo vício...

Que junkie. Hunf.
Antigamente eu acreditava, com todas as minhas certezas, que a solução para a maior parte dos meus problemas era me mudar de Maringá. Deixaria tudo para trás e recomeçaria do zero, faria um reboot total do meu sistema. Assim, de repente estaria apta conquistar todo o tipo de coisas que sempre quis pra mim - especialmente as emocionais.

Claro que não é bem assim.

É bem verdade que já vivi o meu quinhão de alegrias e tristezas nesta cidade. Olho para ela e não vejo mais nada que possa ser oferecido. As pessoas, aquelas de que gosto, vão continuar comigo de uma maneira ou de outra - já o disse em outra oportunidade. Mas aqui não é mais o meu lugar, se é que algum dia foi.

O que não pensei quando estava no meio da minha crise adolescente é que pessoas são pessoas em qualquer lugar. Algumas características regionais mudam, sim, mas a maior parte do que me incomoda é universal. Não há escapatória. Não há como se desviar desses problemas. A liberdade que buscava não era plausível, nem coerente, nem coisa boa alguma. Só autoproteção. Sairia de um lugar gasto pra me refugiar numa caverna nova.

E aí concluí que o inferno não são apenas os outros, somos nós mesmos também. No final das contas... eu sou meu pior algoz. E não há novos ares que curem isso.

       Metric - Monster Hospital
Sou daquelas pessoas que têm milhares de sonhos de consumo. Dos mais fúteis - como quinquilharias de papelaria - até os mais úteis - como conjuntos de panelas. São tantas as coisas que acho interessantes e bonitas e que gostaria de ter que creio que jamais conseguiria fazer uma lista com todas elas.

Hoje fui ao supermercado com a minha mãe e surtei em cada gôndola por que passava. Tudo parecia lindo e se encaixava perfeitamente com o que queria. Mas, apesar de ser super querona (não apenas com materialidades), me contive e não comprei absolutamente nada.

Me contive mesmo quando vi uma pequenina xícara preta de bolinhas brancas escondida no fundo da prateleira, o mimo mais magnífico ever. A segurava como se fosse a coisa mais valiosa do mundo, quase dei beijinhos... mas custava 8 reais. Absurdo demais por uma xícara de 4 centímetros de altura. Não, não dá.
* sim, sou maníaca por bolinhas
** sim, sou querona, mas não preciso frequentar os devedores anônimos


MAS, hoje a senhora-dona-minha-querida-mãe realizou o meu sonho de consumo número #8,59. E custou uma pechincha, vejam só que lindo. Agora tenho...

oclões! oclões! oclões!

*** perdoem o cutout tenebroso, ignorem a corcunda. obrigada.

Tá, eles nem são tão grandes assim, eu sei. São os maiores que eu já tive, fato. E pretendo evoluir no tamanho deles até me parecer com, ahn... a alma gêmea dele:

muah.


(será que já mencionei que sou exagerada?)

       The Von Bondies - Pawn Shoppe Heart
Encurtando toda a história: tudo tem sido tão corrido, apertado, suado, tenso, difícil e cheio de pormenores que ainda não encontrei tempo de me sentir feliz com os (bons) resultados.

       Meg & Dia - Masterpiece
Pois sim, meus queridos. Sumi, mas não morri!

O chá de sumiço se deveu a uma semana extremamente corrida e de viagens longas. Pra quê? Pra escolher meu futuro lar. Na terça-feira rumei com meu pai, de carro, até Florianópolis. Pernoitamos por lá e na manhã seguinte nos dirigimos a Criciúma.

Poderia contar todos os detalhes da busca por apartamentos, dos rolos com a documentação, do sufoco, da tensão, mas é tudo sumamente chato. Visitei uma meia dúzia de apês, alguns meia-boca, outros pavorosos (e que nas fotos do site pareciam divinos). Permaneci irritada e pensativa autista quase o tempo todo: nunca tinha tomado uma decisão tão importante sozinha. Ou pelo menos era o que parecia, talvez nem seja tão absurda assim...

O que importa é que sou a orgulhosa portadora das chaves do apartamento nº 96 de um prédio bem no centro de Criciúma. Confortável, bem iluminado e ventilado. Perto de tudo que é necessário, padarias, supermercados, sebos, lojas em geral e até do pequeno camelódromo. Mas parece que a ficha não caiu ainda...


se alguém manjar de quiromancia, aproveita!



Ah, desculpem o post meia-boca. Fiquei doente e agora o mundo parece chato, feio, bobo e cara de pastel. Volto logo com a programação normal, prometo.

       Pixies - Dig For Fire
Estou totalmente entediada. Não é por falta de coisas a fazer, porque há milhares na minha lista quase-que-neuroticamente organizada.

É um tédio de tudo. Tédio de olhar pela janela e ver as mesmas casas, tédio de olhar para a tela do computador e visitar os sites de sempre, tédio das novidades não serem tão excitantes quanto costumavam ser. Tédio do mesmo. Tédio de não conseguir mais dormir cedo e só acordar pela hora do almoço. Tédio de sentir tristeza e ciúmes, desapego e carências variadas. Tédio de escrever coisas que não refletem meu estado de espírito, tédio de tentar segurar as pontas a todo custo e muitas vezes não conseguir. E tal.

Tédio. Parece nome de elemento químico. Poderia ser da família dos gases nobres.

Mas é apenas algo que me visita de vez em quando.

       Milla Jovovich - Gentleman Who Fell