Desde que me conheço por gente ouço música clássica: meus pais tinham uma coleção considerável de LPs de todos os grandes nomes do gênero. Perdi as contas de quantas vezes passamos horas e horas juntos na sala, em silêncio, só ouvindo. Pensávamos na vida, chorávamos ou até dançávamos abobalhadamente. Qualquer coisa, desde que não emitíssemos (muitas) palavras. Adorava esses momentos, apesar da minha pouca idade na época - isso durou até meus 12 anos, aproximadamente.
Por causa da convenção de não conversarmos e do meu pouco interesse pelas capas, não sei o nome de quase nenhuma música. No máximo, e muito raramente, sei o compositor. Uma das poucas exceções era uma do Villa-Lobos que idolatrava quando criança: "a música da Maria-Fumaça", Trenzinho do Caipira. Haha, acho que nunca vou esquecer disso. Enfim, só as reconheço pelo som, não pela pessoa. E amo, amo mesmo.
Entretanto, tenho uma relação esquisita com a música erudita (nome pomposo demais pro meu gosto). Ela desperta em mim coisas esquisitas. Parece pinçar meus sentimentos mais escondidos, por vezes até me deprime. Me dá saudades de coisas indefinidas, etc. Tenho que escolher os momentos certos para ouvi-la, os quais nos últimos anos têm sido praticamente inexistentes.
Hoje é exceção e estou me entupindo dela enquanto passo alguns CDs para o computador. E o mais surpreendente? Fez bem. Quem sabe não aprendo agora os nomes...
Nota 1: assim como falei uma vez sobre o jazz, não estou tentando soar esnobe. Se você cresceu ouvindo qualquer outra coisa não é mérito ou demérito algum, apenas diferenças de gostos e cultura familiares. Grata.
Nota 2: encontrei um CD aqui chamado Schubert's Greatest Hits. Hahah, parece nome de coletânea da Som Livre, tipo Loving You. Sensacional.
Por causa da convenção de não conversarmos e do meu pouco interesse pelas capas, não sei o nome de quase nenhuma música. No máximo, e muito raramente, sei o compositor. Uma das poucas exceções era uma do Villa-Lobos que idolatrava quando criança: "a música da Maria-Fumaça", Trenzinho do Caipira. Haha, acho que nunca vou esquecer disso. Enfim, só as reconheço pelo som, não pela pessoa. E amo, amo mesmo.
Entretanto, tenho uma relação esquisita com a música erudita (nome pomposo demais pro meu gosto). Ela desperta em mim coisas esquisitas. Parece pinçar meus sentimentos mais escondidos, por vezes até me deprime. Me dá saudades de coisas indefinidas, etc. Tenho que escolher os momentos certos para ouvi-la, os quais nos últimos anos têm sido praticamente inexistentes.
Hoje é exceção e estou me entupindo dela enquanto passo alguns CDs para o computador. E o mais surpreendente? Fez bem. Quem sabe não aprendo agora os nomes...
Nota 1: assim como falei uma vez sobre o jazz, não estou tentando soar esnobe. Se você cresceu ouvindo qualquer outra coisa não é mérito ou demérito algum, apenas diferenças de gostos e cultura familiares. Grata.
Nota 2: encontrei um CD aqui chamado Schubert's Greatest Hits. Hahah, parece nome de coletânea da Som Livre, tipo Loving You. Sensacional.
Claude Debussy – Rêverie
2 Responses to memória auditiva
passamos horas e horas juntos na sala, em silêncio, só ouvindo. Pensávamos na vida, chorávamos ou até dançávamos abobalhadamente.
hehe joyde, isso parece cena de filme de familia aristocrata!!
mas que bom que você teve momentos assim. meus pais faziam a mesma coisa, as vezes. mas era marisa monte ou qualquer samba que meu pai gostasse.
aliás, minha relação com samba é quase a mesma que a tua com musica classica. eu nao me forço a gostar de samba como o povo hoje em dia faz (HAHA, oi cutucada em indie?), eu passei infância ouvindo ok.
madrugadinha com papis tocando "paaaaaaaais paaaaaais pais pais pais... pascarigum pascrigum.. nao pooooosso ficar nem mais um minuto com voceeeee..."
sério.
ah, eu também aprendi a escutar música erudita graças a minha mãe. eu escutava hooked on classics com uns 4/5 anos. para os puristas não é grande coisa, mas eu conheci muitos compositores graças ao hooked, desde Gluck a Dvörak. é um gênero que eu nunca deixei de escutar :)
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