Em junho do ano passado estive em Santa Rosa, a cidade da Xuxa (pra quem quiser ler o diário dessa viagem, é aqui). Fui sozinha e passei bastante tempo à toa, sem tv a cabo ou computadores com internet por perto.

Numa dessas ocasiões de ócio total, estava zapeando canais e parei numa mesa redonda (aquele programa da Leda Nagle) sobre organização da casa. Havia engenheiros, arquitetos, médicos, artistas, blablabla, falando do assunto, e aí foi a vez de uma mulher contar a sua história. Ela era do tipo de pessoa que acumulava milhões de inutilidades domésticas: tinha dó de jogá-las fora ou achava que poderiam tornar-se úteis algum dia - até o dia em que ela se "converteu" ao budismo.

Como vocês sabem, o budismo prega o desapego, e partindo desse princípio ela se livrou de quase tudo o que tinha. Ficou com apenas dois jogos de roupa de cama, duas toalhas para cada habitante da casa, poucas panelas, decoração minimalista, etc, etc. Disse que se sentiu ótima ao fazê-lo e que as energias da casa ficaram bem mais amenas e gratificantes.

Quando ouvi isso, achei extremamente estúpido. Deve ter me rendido milhares de caretas de desprezo. Pensei "você passa a vida inteira tentando juntar o que quer e de repente se livra de tudo? e ainda por cima acha legal?! bah!".
Mordi a língua, pouquíssimo tempo depois. Jogar coisas fora é ótimo, faz bem e te deixa mais leve sim.

Por exemplo, hoje foi o dia de revirar armários. Encontrei de notas fiscais de 1997 a meu primeiro walkman (que pesa uns 3kg). Pra quê eu guardava tudo isso? (ah, e é bom dizer: não me considero uma pessoa que guarda milhões de cacarecos)

Somado ao alívio de mandar pro lixo esse tipo de coisas, tive a alegria de encontrar tesourinhos. As bonecas preferidas, os raros bichos de pelúcia que adoro até hoje, roupas dos áureos tempos em que vestia tamanho M... E a primeira trilha sonora que comprei na minha vida:


E certamente esse é o álbum que mais ouvi na minha vida. Até hoje sei decoradas todas as letras, os nuances das músicas, os coros, tudo tudo tudo. Que lindo. Tinha uns 6 ou 7 anos nessa época.

Mas nem tudo são flores, especialmente para quem nasceu na década de 80 e enfrentou as piores modas da história universal. Ombreiras, permanentes no cabelo, polainas, cós alto, maquiagem fosforescente, dance music... Todas essas breguices que (hoje) são engraçadinhas.

Ah, na verdade uma imagem agora vale mais que mil palavras:

oi 1990! te amo lá fora!


Desapeguei to-tal.

(mas não joguei fora)

       Get Set Go - I Hate Everyone
Apresento-lhes meu mais recente xodó:
Grey's Anatomy


Pra variar, eu torcia muito o nariz quando ouvia falar dessa série. Era o típico não vi e não gostei, até que resolvi dar uma chance e pegar um episódio. Não parei mais de ver. Agora estou no meio da terceira temporada.

Sim, é mais um seriado médico. Mas não tem nada a ver com os outros que conheço, como o House, que *adoro*. É mais sensível, mais mulherzinha, cheio de conflitos e relações complicadas. Tem um formato bem simples também: cada episódio tem uma temática, e todas as histórias (dos médicos e dos pacientes) giram em torno dela e enquanto seguem sua sequência. As tramas ficam melhores e complexas conforme o tempo passa e as pessoas do Seattle Grace Hospital se conhecem melhor.

E a trilha sonora é foda. Foda. Tem de tudo o que gosto. The Chalets, Snow Patrol, Metric, Postal Service, Rilo Kiley, Tegan & Sara, Gomez, KT Tunstall, etc, etc, etc. Praticamente perfeita.

Caramba, a cada dia um novo vício...

Que junkie. Hunf.
Antigamente eu acreditava, com todas as minhas certezas, que a solução para a maior parte dos meus problemas era me mudar de Maringá. Deixaria tudo para trás e recomeçaria do zero, faria um reboot total do meu sistema. Assim, de repente estaria apta conquistar todo o tipo de coisas que sempre quis pra mim - especialmente as emocionais.

Claro que não é bem assim.

É bem verdade que já vivi o meu quinhão de alegrias e tristezas nesta cidade. Olho para ela e não vejo mais nada que possa ser oferecido. As pessoas, aquelas de que gosto, vão continuar comigo de uma maneira ou de outra - já o disse em outra oportunidade. Mas aqui não é mais o meu lugar, se é que algum dia foi.

O que não pensei quando estava no meio da minha crise adolescente é que pessoas são pessoas em qualquer lugar. Algumas características regionais mudam, sim, mas a maior parte do que me incomoda é universal. Não há escapatória. Não há como se desviar desses problemas. A liberdade que buscava não era plausível, nem coerente, nem coisa boa alguma. Só autoproteção. Sairia de um lugar gasto pra me refugiar numa caverna nova.

E aí concluí que o inferno não são apenas os outros, somos nós mesmos também. No final das contas... eu sou meu pior algoz. E não há novos ares que curem isso.

       Metric - Monster Hospital
Sou daquelas pessoas que têm milhares de sonhos de consumo. Dos mais fúteis - como quinquilharias de papelaria - até os mais úteis - como conjuntos de panelas. São tantas as coisas que acho interessantes e bonitas e que gostaria de ter que creio que jamais conseguiria fazer uma lista com todas elas.

Hoje fui ao supermercado com a minha mãe e surtei em cada gôndola por que passava. Tudo parecia lindo e se encaixava perfeitamente com o que queria. Mas, apesar de ser super querona (não apenas com materialidades), me contive e não comprei absolutamente nada.

Me contive mesmo quando vi uma pequenina xícara preta de bolinhas brancas escondida no fundo da prateleira, o mimo mais magnífico ever. A segurava como se fosse a coisa mais valiosa do mundo, quase dei beijinhos... mas custava 8 reais. Absurdo demais por uma xícara de 4 centímetros de altura. Não, não dá.
* sim, sou maníaca por bolinhas
** sim, sou querona, mas não preciso frequentar os devedores anônimos


MAS, hoje a senhora-dona-minha-querida-mãe realizou o meu sonho de consumo número #8,59. E custou uma pechincha, vejam só que lindo. Agora tenho...

oclões! oclões! oclões!

*** perdoem o cutout tenebroso, ignorem a corcunda. obrigada.

Tá, eles nem são tão grandes assim, eu sei. São os maiores que eu já tive, fato. E pretendo evoluir no tamanho deles até me parecer com, ahn... a alma gêmea dele:

muah.


(será que já mencionei que sou exagerada?)

       The Von Bondies - Pawn Shoppe Heart
Encurtando toda a história: tudo tem sido tão corrido, apertado, suado, tenso, difícil e cheio de pormenores que ainda não encontrei tempo de me sentir feliz com os (bons) resultados.

       Meg & Dia - Masterpiece
Pois sim, meus queridos. Sumi, mas não morri!

O chá de sumiço se deveu a uma semana extremamente corrida e de viagens longas. Pra quê? Pra escolher meu futuro lar. Na terça-feira rumei com meu pai, de carro, até Florianópolis. Pernoitamos por lá e na manhã seguinte nos dirigimos a Criciúma.

Poderia contar todos os detalhes da busca por apartamentos, dos rolos com a documentação, do sufoco, da tensão, mas é tudo sumamente chato. Visitei uma meia dúzia de apês, alguns meia-boca, outros pavorosos (e que nas fotos do site pareciam divinos). Permaneci irritada e pensativa autista quase o tempo todo: nunca tinha tomado uma decisão tão importante sozinha. Ou pelo menos era o que parecia, talvez nem seja tão absurda assim...

O que importa é que sou a orgulhosa portadora das chaves do apartamento nº 96 de um prédio bem no centro de Criciúma. Confortável, bem iluminado e ventilado. Perto de tudo que é necessário, padarias, supermercados, sebos, lojas em geral e até do pequeno camelódromo. Mas parece que a ficha não caiu ainda...


se alguém manjar de quiromancia, aproveita!



Ah, desculpem o post meia-boca. Fiquei doente e agora o mundo parece chato, feio, bobo e cara de pastel. Volto logo com a programação normal, prometo.

       Pixies - Dig For Fire
Estou totalmente entediada. Não é por falta de coisas a fazer, porque há milhares na minha lista quase-que-neuroticamente organizada.

É um tédio de tudo. Tédio de olhar pela janela e ver as mesmas casas, tédio de olhar para a tela do computador e visitar os sites de sempre, tédio das novidades não serem tão excitantes quanto costumavam ser. Tédio do mesmo. Tédio de não conseguir mais dormir cedo e só acordar pela hora do almoço. Tédio de sentir tristeza e ciúmes, desapego e carências variadas. Tédio de escrever coisas que não refletem meu estado de espírito, tédio de tentar segurar as pontas a todo custo e muitas vezes não conseguir. E tal.

Tédio. Parece nome de elemento químico. Poderia ser da família dos gases nobres.

Mas é apenas algo que me visita de vez em quando.

       Milla Jovovich - Gentleman Who Fell
Lá pelos idos da minha 6ª série a grande febre eram aqueles cadernos de enquetes. Lembram? Perguntavam por quem você era apaixonado(a), quem era a pessoa mais brega da sala, a mais feia, o que você levaria para uma ilha deserta, etc. Adorava responder esses troços, embora sofresse bastante com eles. Eu sempre era tachada de a mais feia e a mais brega. Jóia.

Vários anos depois essa modinha migrou para a internet, mas como questionários pessoais. Do tipo "o quanto você sabe sobre mim". Sei lá por que diabos lembrei disso hoje, mas fui procurar para ver se ainda existiam.

E qual não foi minha surpresa ao ver que existem dezenas de sites do gênero? Não apenas para os quizes pessoais, mas de todo o tipo. Inundada por esse espírito juvenil de inutilidade resolvi ressuscitar essa belezinha e fiz um teste sobre o quanto sabem de mim.

Tá fácil e não vale trapacear! Quem fizer mais pontinhos (e peço que postem os resultados aqui) ganha... um parabéns.

       New Order - Run Wild
Domingo terminei de ler as mais de 1500 páginas do Desventuras em Série. Fiquei triste, sério. Foi uma das leituras mais prazerosas que fiz, não queria que terminasse tão cedo.

Dezenas de coisas me surpreenderam nos 13 livros. Talvez a que mais se destaque é que, apesar da linguagem simples, dos ambientes bizarros e situações esdrúxulas (um bebê escalando um fosso de elevador com os dentes e uma cidade abarrotada de corvos, por exemplo) a história é extremamente realista. Aborda todos os sentimentos possíveis, índoles, sociedades, modismos, relações... e questiona cada um deles. Todos os personagens são dúbios.

Uma das minhas 'parábolas' favoritas é um julgamento onde todos (com exceção dos juízes, dois deles corruptos) devem estar vendados, numa interpretação ao pé da letra de que a justiça é cega. Num dado momento a platéia se alvoroça e começa a gritar suas opiniões sobre os réus sem o menor embasamento, e nem o aviso de que o prédio estava pegando fogo os fez tirar as vendas dos olhos, por puro medo de serem punidos. Vários morreram queimados.

Outra coisa que me chamou a atenção é a quantidade monstruosa de referências. Anotei algumas:

1_ Sunny, a irmã-bebê, fala numa língua teoricamente ininteligível. Porém, nas suas pequenas falas faz referência a outras palavras ou personagens, como Godot, Mata Hari, arigatô, sashimi, rendez-vous, etc.

2_ citações de Platão, Martin Luther King, Thomas Hobson, Lewis Carroll, T. S. Eliot, Nietzsche (!!!) e afins aparecem aos montes. Os nomes dos autores não são mencionados nos livros, mas porra...

3_ sistemas e fenômenos também não são deixados de lado, como o Sistema Decimal Dewey (aquele das bibliotecas) ou biologices (apesar de serem utilizadas como exemplo de coisas maçantes - HAHA - e terem erros crassos, como dizer que sapos são répteis)

4_ a música não fica para trás e Giuseppe Verdi surge na história, com a sua ópera La Forza Del Destino (a qual, descobri depois, é usada na propaganda da Stella Artois)
etc etc etc.

Por fim (pra não encher tanto o saco de vocês), é incentivado um apreço pelos livros em geral - e isso é muito louvável. Em basicamente todas as grandes enrascadas, os irmãos Baudelaire se salvaram por causa do conhecimento encontrado neles. Além disso, em todos os livros do Desventuras há um ex libris com espaço para escrever o nome. Adorável!

As histórias podem ser lidas em diferentes níveis, e talvez esse seja o grande segredo. São como dizem ser os filmes da Xuxa - para toda a família - com a diferença de serem tudo, menos idiotas e subjugadores da inteligência alheia. Ha.

E agora chega, né?

Mentira, não chega não, porque ainda falta este livro pra ler. Só que não vai dar pra comprá-lo agora. Fiquem tranquilos.

       The National - Apartment Story
Bem dizem que cabeça vazia é oficina do diabo: já estava pensando mil bobagens enquanto esperava por alguma resposta da Unesc (e, por sinal, continuo esperando). Por isso resolvi arregaçar as mangas e adiantar as coisas, mesmo sem saber pra quando.

Comecei modestamente, esvaziando a prateleira de CDs. Descartei alguns. Passei para a estante de livros e separei os que ainda não tinha lido. Em outra caixa ficaram os já saboreados e que provavelmente ficarão para trás. Lágrima.

E como é estranho ver tudo se esvaziar...

Segui em frente e mandei email para três imobiliárias. Apenas uma respondeu dizendo as condições absurdas de contratos de locação; seria praticamente impossível locar qualquer coisa por lá. Contatei outra. As condições eram melhores, mas nenhum apartamento que está no site é o tal.

Fiz contas e levantamentos, milhares. Percebi que o orçamento será apertadissississimo. Comecei um caderno só para essas questões e anotações.

Segui esvaziando mais prateleiras e jogando papéis e comendo poeira e limpando gavetas. Quanto mais espaço desocupo na casa, mais cheia minha cabeça fica. Não tenho ânimo de pensar em nada além disso, e pensar nisso geralmente me entristece.

E aí comecei a achar que cabeça cheia também é oficina do diabo.


(de qualquer forma, ainda tenho esperanças de que tudo vá terminar bem. mas tá difícil.)

       Paul McCartney - Vanilla Sky
Estou em duas comunidades do orkut que sempre me causam vergonha quando vejo que ainda estão lá na minha lista. São a Eu não sei dar mole !!! e a Ta afim de mim, AVISA!!!.

( pausa para vocês rirem )

Pois bem, tenho vergonha delas só porque a descrição é meio miguxa style. Sério. Talvez eu devesse ter vergonha pelo assunto, mas enfim...

Definitivamente nunca soube dar mole: tinha pavor de parecer ridícula ou vulgar. Porque eu via menininhas darem em cima de amigos meus, por exemplo, e me sentia enojada. Era tosco, besta, sem noção. Pode ser que eu tivesse a sorte de só observar as piriguetes em ação, mas o fato é que eu não sabia como demonstrar afeto ou coisa que valha.

Aliás, acabava fazendo exatamente o contrário. A tendência era: quanto mais gostava da pessoa, mais travada ficava com ela. Acho muito provável que a totalidade dos meus crushs nunca tenha feito a menor idéia de que eram gostados. Pra ilustrar, passei grande parte da faculdade apaixonada por um amigo. E nunca, nunca mesmo, demonstrei nada além de amizade.

O triste da história é que também era míope pra perceber o interesse de alguém por mim. Míope é pouco, acho que era até meio burrinha pra essas coisas. Sempre pensava que não tinha nada a ver, que "aquilo" não era sinal nenhum, que o mocinho estava me tratando normalmente. Tenho certeza dessa miopia-burra porque já soube uma ou duas vezes, milênios depois, que sim, o cara estava afim de mim. E aí já era tarde demais.

Agora vocês podem estar pensando "hum, se ela colocou os verbos no passado, significa que evoluiu, não?". BÉÉÉÉÉ! Errado.

Coloquei tudo no passado porque não chego nem a pensar mais nessas coisas. Se uns tempos atrás eu acreditava que o amor não encaixava mais na minha vida, agora raramente lembro que ele existe. É estranho, mas também é bom. Uma preocupação a menos, sacomé?

De qualquer forma, eu gostaria de ter essa habilidade para os relacionamentos... em caso de emergência.

       OK Go - No Sign of Life
Descobri hoje dois plug-ins para Winamp que considero muito úteis e bons. Quis compartilhá-los com vocês.

O primeiro deles é o Winamp KeyController. Como o nome já diz, permite criar atalhos para controlar absolutamente tudo do Winamp, do playback a playlists, cessando a necessidade de abri-lo a toda hora. É totalmente customizável.

O segundo é o Jammix Enhancer. Pra quem ouve música praticamente só no PC, não tem grana pra comprar um home theater e mesmo assim faz questão de um som bom (como eu), este plug-in é sensacional. Em resumo, ele proporciona mais qualidade: adiciona dynamic bass boosting, 3D e prologic surround, tem reverberação e boosting ajustáveis e redução de ruídos. Algumas pré-programações já estão prontas e ajudam bastante a encontrar uma configuração ideal.

:)

       Zurdok - Si Me Advertí
Ponto alto do dia: desvendar um dos mistérios do Desventuras em Série so-zi-nha. Hahah! A história é adorável demais, minha gente. Vou até postar a charadinha pra quem quiser gastar uns 2 neurônios e não tiver nada pra fazer. Coisa simples.

Resumindo, é o seguinte: os trigêmeos Quagmire foram raptados e escondidos em algum lugar da cidade. A única maneira de eles se comunicarem com os amigos é através de dísticos (um por dia) bem pouco explícitos e transportados/entregados por corvos. Os enumerei conforme a ordem que foram escritos:
7º livro - A Cidade Sinistra dos Corvos
1- Cá, por safiras, cativos estamos. Hora após hora, em terror aguardamos.
2- Até de manhã, não vai dar pra falar; Fechado e tristonho há de o bico ficar.
3- A que antes se lê contém uma pista, Recurso inicial que o bandido despista.
4- Isto é o que o olho nas letras já vê: Zás! Seus amigos, e C.S.C.

A pergunta vocês já devem imaginar qual é: onde estão os trigêmeos Quagmire?

Nota 1: "C.S.C." é uma sigla importante na trama, mas irrelevante para a resposta da charadinha. não vão precisar de (mais) spoilers;
Nota 2: os trigêmeos foram raptados para que um Conde roubasse a fortuna deles, a qual é composta por safiras;
Nota 3: a minha satisfação veio do fato de eu ter descoberto a resposta quando ainda estavam no 3º dístico. AEW. viva o ócio!

       Dogs - Soldier On
Minha vida parece ter entrado em câmera lenta desde o resultado do mestrado. Quero dizer, todo o 2007 foi devagar, mas agora é sacanagem. De lesma velha passou a bicho-preguiça cego com derrame.

Tudo está parado. Já escrevi dois emails à UNESC perguntando quando começarão as aulas, e nada. Até agora ninguém veio ver a casa. Não posso planejar absolutamente nada, só esperar, esperar, esperar.

Conforme o tempo passa - l... e... n... t... a... m... e... n... t... e... - fico tensa. As vozes na minha cabeça começam a gritar e por mais que eu tente ocupar os pensamentos com outras coisas é impossível ignorar o assunto. É importante. Vai virar minha vida de cabeça pra baixo, não me digam pra relaxar!

Por outro lado, enquanto lavo a louça em piloto automático (e na mesma ordem emocionante há 11 anos: copos, pratos, talheres, vasilhas, leiteira, coador, panelas, fôrmas) bolo algumas coisinhas para a futura casa. Baratas, é claro; o mote da minha estadia em Criciúma séra economia.

Por exemplo, pensei em como fazer um móbile de fotos bacana sem gastar muito, mais ou menos como este. Precisaria de transparências, cola branca colorida (oi, contra-senso?), furador de papel e algumas fitas ou argolas. Pescaram? Recorto as transparências no tamanho das fotos e colo duas metades, furo em cima e em baixo e uno os 'envelopes' com as fitas. Para pendurá-lo posso usar ganchinhos para panos de prato, assim não precisaria furar a parede - eles vêm com adesivo atrás.

Ou então uma espécie de armário (ou prateleira, sei lá) feito com aquelas caixas plásticas de supermercado. Posso pintá-las com tintas em spray e uni-las com barbantes tingidos na cor que eu quiser - aqueles corantes baratinhos são suficientes. Dá até pra fazer alguns desenhos com o barbante e mudar as caixas de lugar conforme a necessidade. Poderia utilizá-las na horizontal ou na vertical.

Ah, é tudo bastante agridoce. Aliás, bittersweet é o mais apropriado - como se traduz? Amargodoce? Doçamargo?

Que seja.

       KT Tunstall - Through the Dark
Qual é o problema das pessoas com gente branquela? Cansei de ouvir coisas como "tá precisando pegar um sol, hein?".

Precisando? Oi? Será que estão preocupados com a minha absorção de cálcio e este tempo todo os interpretei mal?

Bah. Morram e deixem minha melanina em paz, beijos.
Desde que me conheço por gente ouço música clássica: meus pais tinham uma coleção considerável de LPs de todos os grandes nomes do gênero. Perdi as contas de quantas vezes passamos horas e horas juntos na sala, em silêncio, só ouvindo. Pensávamos na vida, chorávamos ou até dançávamos abobalhadamente. Qualquer coisa, desde que não emitíssemos (muitas) palavras. Adorava esses momentos, apesar da minha pouca idade na época - isso durou até meus 12 anos, aproximadamente.

Por causa da convenção de não conversarmos e do meu pouco interesse pelas capas, não sei o nome de quase nenhuma música. No máximo, e muito raramente, sei o compositor. Uma das poucas exceções era uma do Villa-Lobos que idolatrava quando criança: "a música da Maria-Fumaça", Trenzinho do Caipira. Haha, acho que nunca vou esquecer disso. Enfim, só as reconheço pelo som, não pela pessoa. E amo, amo mesmo.

Entretanto, tenho uma relação esquisita com a música erudita (nome pomposo demais pro meu gosto). Ela desperta em mim coisas esquisitas. Parece pinçar meus sentimentos mais escondidos, por vezes até me deprime. Me dá saudades de coisas indefinidas, etc. Tenho que escolher os momentos certos para ouvi-la, os quais nos últimos anos têm sido praticamente inexistentes.

Hoje é exceção e estou me entupindo dela enquanto passo alguns CDs para o computador. E o mais surpreendente? Fez bem. Quem sabe não aprendo agora os nomes...

Nota 1: assim como falei uma vez sobre o jazz, não estou tentando soar esnobe. Se você cresceu ouvindo qualquer outra coisa não é mérito ou demérito algum, apenas diferenças de gostos e cultura familiares. Grata.

Nota 2: encontrei um CD aqui chamado Schubert's Greatest Hits. Hahah, parece nome de coletânea da Som Livre, tipo Loving You. Sensacional.

       Claude Debussy – Rêverie
Estava pronta para fazer um post lacrimejante contando que estava preocupada: não me interessava por mais nada. Havia uma ou duas dezenas de livros esperando por mim e mais umas outras seis de filmes, mas nada me empolgava. E quando empolgou, me decepcionei - talvez justamente por andar tão inerte e azeda.

Quando comecei a organizar o quiz abaixo, a princípio coloquei o Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças na lista. Mas pensei bem, e adivinha: o filme não me empolga tanto quanto antes. O substituí pelo Desventuras Em Série e surgiu uma vontadezona de revê-lo; resolvi procurá-lo e caí numa comunidade em que disponibilizavam links para todos os 13 ebooks da série (o filme é sobre os 3 primeiros). Esbugalhei os olhos e baixei todos, mas depois de olhar a pasta com aqueles .pdf...

Pausa
Acho cansativo e desconfortável ler no computador, não tenho muita paciência pra isso - tô com o Noites Brancas há uns 3 anos no PC e não passei da 40ª página, por exemplo. Nada substitui um livro de verdade. Livro tem que ser tocado, transportado, folheado. O prazer de sentir o cheiro de um novo ou de ver as marcas de um antigo faz parte do prazer da leitura. Quero dizer, pra mim é assim. Quando eu crescer pretendo ter minha própria biblioteca e blablabla mimimi.
Despausa

... pensei que seria mais uma coisa que delicadamente empurraria para o lado. Mas ah, vamos dar uma olhadinha, né?

Ele é escrito numa linguagem extremamente simples (afinal, é teoricamente infantil), dá muitos spoilers e às vezes é até irritante com as constantes explicações de palavras e expressões difíceis como "faleceram", "escaldada" e "dormindo de modo descontínuo". Apesar disso, não consegui desgrudar mais. Leio pouco mais de um livro por dia, mesmo sob o risco de terminar zarolha.

Fala a verdade, como não gostar de uma série/história que:

1_ Tentaram proibir nas escolas sob a alegação de que promove pensamentos negativos nas criança (viva Palmirinha);

2_ Começa dizendo que é desagradável e que nada impede que você deixe o livro pra ler coisas mais alegres (a insistência para largá-lo continua ao longo das páginas) e tem como dedicatória Para Beatrice — querida, adorada, morta;

3_ Diz que a Chapeuzinho Vermelho é uma tonta ou, sobre O Menino e o Lobo, "A moral da história, é claro, deveria ser: 'Não more jamais num lugar onde os lobos passeiam à vontade', mas quem leu para vocês a história provavelmente terá dito que a moral era que não se deve mentir. Ora, essa é uma moral absurda, pois tanto vocês como eu sabemos que às vezes mentir não somente é bom como é necessário".

3_ Tem como uma das personagens a Tia Josephine, que sente medo do fogão porque pode explodir, do capacho porque alguém pode tropeçar e quebrar o pescoço, da maçaneta porque pode se quebrar em milhões de pedaços, da ..., do ... É minha preferida até agora;

4_ É contada numa atmosfera sombria, gótica e fantástica, como se fosse um filme do Tim Burton;

5_ Etc. Tá bom já, né? Vou parar por aqui pra não ficar muito cansativo. Quem por acaso quiser saber mais, pode dar uma olhada aqui e aqui.

Vocês podem até achar que estou regredindo ou que é bobo demais, fiquem à vontade. Mas esses livros são exatamente do que eu estava precisando agora.

       The Pipettes - Pull Shapes
OK, já que não acertaram os 15 filmes é todo mundo mulher do padre.

Aqui vão as respostas do post anterior (se não quiser saber, pula essa parte, rápido!):
1_ Beleza Americana
2_ A Bela e a Fera
3_ Bonequinha de Luxo
4_ A Noiva Cadáver
5_ Desventuras em série
6_ Um Dia de Cão
7_ Dogville
8_ O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
9_ Clube da Luta
10_ Felicidade
11_ Alta Fidelidade
12_ Corra, Lola, Corra
13_ Encontros e Desencontros
14_ Magnólia
15_ Um corpo que cai

Obrigada por participarem e continuem em dia com o carnê do Baú.

       Queens of the Stone Age - The Sky is Fallin'
Vi no blog de Donamanda este quest de filmes e resolvi copiar na cara dura. Pra quem também quiser fazer, as regras que ela criou são as seguintes:
1- faça uma lista de seus filmes favoritos (não pense demais, os 15 primeiros que vierem à cabeça está bom)
2- procure fotos de cenas desses filmes
3- poste em seus blogs e veja quem adivinha o nome deles primeiro


Peguei meio pesado em alguns, sei que não serão fáceis de adivinhar. Mas outros estão mamão-com-açúcar, fala a verdade:






E aí?

       Doves - Snowden
Da série perguntas cujas respostas mudarão o futuro da humanidade:

Por que os apresentadores de jornal se esforçam tanto para pronunciarem corretamente nomes em inglês, francês e até árabe, mas não em espanhol?

Por que continuam dizendo "rorras" (Rojas) e "vilavicencio" (Villavicencio)? Por quê? POR QUÊ?

É aviltante.

       Candie Payne - Hey Goodbye